Por Raphael Santana e Shagaly Ferreira
A Lavagem de Itapuã completa 115 anos de tradição e muita história, nesta quinta-feira, 13. A festa, que é a última antes do carnaval, começou ainda na madrugada, quando os moradores saíram pelo bairro em um bando anunciador, convocando a comunidade.
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Logo depois, às 6h, teve início a lavagem das ‘Nativas’, moradoras do bairro que, há 30 anos, realizam a ação. Por volta das 10h, baianas, fiéis e moradores saíram em cortejo do bairro de Piatã até Itapuã.
Tradição
Uma das muitas pessoas que participaram do cortejo foi a baiana Cristina Alves da Cruz, filha de pescador e lavadeira. “Desfilo na lavagem há cinco anos e é sempre um orgulho. Faço por amor às tradições do bairro. Eu me sinto uma rainha”, emociona-se.
No alto dos seus 75 anos, Joanita da Silva não perde uma lavagem e já acompanha os festejos há 30 anos. “Eu me sinto viva. Fazer parte da festa é muito bom, porque é sobre o folclore e a história do lugar”, contou. Apesar de não ter nascido na região, ela se disse totalmente integrada ao bairro.
Sustentabilidade
Assim que chegaram em Itapuã, as baianas realizaram a segunda lavagem nas escadarias da igreja da Paróquia Nossa Senhora da Conceição com água de cheiro, um dos pontos mais importantes da tradição. Outro momento mais aguardado da lavagem foi o desfile dos símbolos marítimos, que, nesta edição, contou com a baleia inflável nas cores preto e branco.
A Associação Casa dos Bichos – Projeto Sariguê, cuja sede fica na ladeira do Abaeté, também marcou presença. O veterano Valteur Ferreia, que já desfila há mais de 20 anos, foi o responsável por desfilar com uma grande cobra de pano. “O objetivo é simbolizar a luta pela preservação do meio ambiente e da vida animal no Parque do Abaeté, que está ameaçado pela especulação imobiliária”, denunciou.
Mais festa
Apesar de ter o ponto central celebrado nesta quinta, os festejos seguem até a próxima segunda-feira, 17, com a entrega de uma oferenda a Iemanjá e uma peixada nativa, na sede da Associação dos Moradores de Itapuã. Nesta sexta, 14, atrações locais se apresentam no bairro em clima de ressaca. Já no sábado, 15, terá diversas práticas náuticas esportivas e pelo Terno de Reis, manifestação cultural histórica.